No último ano temos sido bombardeados por mensagens, textos, narrativas que visam construir e desconstruir argumentos favoráveis e contrários ao uso obrigatório de máscaras e ao passaporte vacinal. O Brasil vive o vexame de tratar politicamente uma questão de saúde pública, levando a população à total desinformação.
Por falta de embasamento científico, a 3ª Vara Cível de Duque de Caxias (RJ) suspendeu, nesta quinta-feira (7/10), o Decreto municipal 8.009/2021, que dispensava o uso de máscaras na cidade em ambientes abertos e fechados. O entendimento do magistrado é no sentido de que até a presente data o consenso científico é a manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras.
Segundo a Wikipédia, “A gripe espanhola” […] “infectou uma estimativa de 500 milhões de pessoas,, cerca de um quarto da população mundial na época. Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 milhões e 50 milhões, e possivelmente até 100 milhões, tornando-a uma das epidemias mais mortais da história da humanidade.” Considerando que a população mundial em 1918 era bem inferior e que os deslocamentos intercontinentais em menor velocidade, não há estudo comparativo do que seria o impacto do COVID 19 nas mesmas circunstâncias, mas o certo é que a ciência foi capaz de apresentar soluções viáveis e de salvar milhões de vidas, o que não ocorreu em 1918.
Narrativas políticas questionam as medidas sanitárias propostas, o que nos remete à luta de Oswaldo Cruz também no início do século, quando a população era extremamente ignorante e os meios de comunicação escassos e se revoltaram contra a campanha de erradicação da varíola e febre amarela.
O uso de máscaras não visa proteger somente o usuário, mas sobretudo os demais, e tal argumento dispensa maiores explicações pela obviedade. Não usar máscara é sujeitar terceiros a eventual contágio.
A exigência do passaporte vacinal não impede alguém que opte por não se vacinar, mas sujeita terceiros ao risco de quem assim decidiu ter maior probabilidade de disseminar o vírus. Se a AIDS fosse transmitida pelo ar você teria a mesma opinião quanto a ter que conviver em espaços públicos por quem deliberadamente não optasse pelo “sexo seguro”?
Em resumo, a ciência contribui positivamente evitando inúmeras mortes nas pandemias modernas e esta mesma ciência é responsável pelo uso obrigatório do cinto de segurança, pela proibição do fumo em ambientes fechados, pela proibição de dirigir após ingerir bebida alcoólica e até agora jamais houve qualquer discurso no sentido de que tais vedações implicam em violação à liberdade e aos direitos individuais. Se você não reclamou do cinto de segurança, não há porque reclamar da máscara e passaporte vacinal.